18 março 2009

Um pouco da minha história...

Porque deixei de acreditar em tantas besteiras. Confesso que relutei um tanto para publicar este texto, mas espero que sirva de edificação para os que o ler.

Já vi quase tudo nessa vida nestes poucos mais de 13 anos de Evangelho, ou melhor, de igreja (com "i" minúsculo mesmo). Ou melhor, já vi algumas poucas coisas pois cada dia surgem novas aberrações, assim concluo que vou morrer e não vou ver tudo. Converti numa igreja que tinha placa batista, mas que depois descobri que Batista era somente o sobrenome do sogro do pastor (pastor?). De lá sai e ajudei a iniciar um outro ministério, que nem me recordo o nome. Um tal pastor que apareceu na igreja do genro do Batista, se rebelou e achou que sozinho poderia fazer mai$. Um tempo com ele, o trabalho pro$perando, muita coisa acontecendo. Muita coisa mesmo. Até que a "ficha" começou a cair e notei que nem tudo era como deveria ser.

Literalmente abandonei este ministério e regressei ao primeiro, com sentimento de culpa, arrependido pelo pecado de rebelião. Afinal, foi ali onde "nasci", onde preguei meu primeiro sermão, onde era reconhecido, onde cheguei, inclusive, a ministrar em dois cultos semanais fixos (terças e quintas). Desde essa época, mesmo estando dentro do "sistema" me sentia incomodado. Sabia que tinha alguma coisa errada, que não era bem aquilo que me enfiavam goela abaixo. Tinha algo mais, não sabia o que. Não tinha ninguém a quem recorrer, alguém que pudesse me ensinar a são doutrina. Recorria ao melhor recurso: o estudo solitário da Palavra. Aprendi muito, mas não foi o suficiente. Ou melhor, eu resisti muito até começar a aplicar o que aprendi.

Novamente, desiludido e inconformado, abandonei os Batistas. Fiquei um tempo perambulando até que, convencido por um amigo missionário (missionário?) fomos connhecer uma outra denominação. Uma lá de Brasília, dirigida por um bispo que um dia foi presbiteriano. Gente jovem como a gente, muito agito, muito alegria. Me sentia importante pois era tratado como "querido", "amado". Sem outras alternativas, mesmo não gostando muito, acabei ficando. Ali aprendi muito e cresci bastante ministerialmente: fui consagrado cooperador, depois obreiro, dei aulas de discipulado, em curso para cooperador, fiz parte de uma comissão para disciplinar um irmão. Enfim, trabalhei muito. Me sentia incomodado, como sempre, pois não me encaixava perfeitamente no "sistema". Minhas mensagens eram duras, de arrependimento, de conversão. Não agradava muito e por fim acabei cedendo - eu precisava me sentir parte do corpo. Comecei a deixar de lado a verdadeira Mensagem para falar aquilo que o povo queria ouvir. Se eu disser que não foi bom, vou mentir. Quem não gosta de ser valorizado? Mesmo assim, sempre que terminava um discurso, me sentia vazio e percebia o povo vazio.

Fui convidado pelo meu então pastor a abrir uma igreja numa outra cidade, vizinha àquela para qual ele seria transferido. Tomei uma das mais duras decisões em toda minha vida: recusei o convite e sai do ministério. Não suportava mais tudo aquilo. Aquela situação me corroia. Ver a igreja valorizar mais os "amados" que tinham um bom dízimo e uma excelente oferta e deixar de lado os mais carentes. Ver a igreja se afastando mais e mais do verdadeiro Evangelho e vivendo uma super valorização das coisas terrenas, como isso me incomodava. Eu não podia mais continuar a ser conivente com tudo aquilo.

Depois disso estive em outros lugares, passei um tempo afastado da igreja, da Igreja e de Deus e sofri alguns traumas por conta disso. Como diz um velho ditado (alguns chegam a dizer se tratar de um versículo biblico): "quem não vem pelo amor, vem pela dor". Pode até ser uma heresia, mas eu acabei retornando pela dor. Num momento de grande dificuldade busquei numa igreja próxima a minha casa uma mensagem de consolo, de conforto. E louvo a Deus pois encontrei! Fiquei por ali um tempo e a situação foi se repetindo: fui vendo aos poucos o dinheiro e a ganância tomando conta dos líderes. Lamentável...

Vale resaltar que na cidade onde moro isso é, infelizmente, praxe. Costumo dizer que esta cidade mata profetas. Conheço homens e mulheres de Deus - e não poucos - que vieram para cá "cheios da unção", como se diz por aí, e que depois de pouco tempo simplesmente morreram. Homens fervorosos na oração e na Palavra que em pouco tempo se tornaram verdadeiros mercadores, chantagistas e mentirosos. Tudo em nome de Deus.

Eu dou graças a Deus pois até mesmo quando eu estava afastado e Senhor sempre me sustentou. Quantas vezes chorei ao ver um irmão que noutra oportunidade era uma benção na igreja, mas que agora estava com uma lata de cerveja na mão, dando a mínima para o Reino de Deus. Já participei de muitos congressos, eventos, reuniões ou seja lá o que for onde "caiu fogo do céu" (sic), onde as pessoas rodopiavam, pulavam, gritavam, gemiam, caiam pelo chão e mais um monte de manifestações e que no outro dia estavam vivendo a mesma vida de sempre, como se nada tivesse acontecido. Quanto "avivamento" que eu já presenciei que trouxe como resultado não uma mudança de vida, não a conversão, arrependimento de pecados e entrega ao Senhor, mas nada mais que barulho e agito, puramente carnais.

Conheci um rapaz, que inclusive foi separado obreiro no mesmo dia que eu, que era um exmplo: orava todos os dias no monte, vivia estudando a Palavra, jejum e tudo mais que se tem direito. Por ter sido militar, chegava a passar um final de semana inteiro no monte, no meio do mato, isolado de tudo e de todos, orando, meditando, falando com Deus. Quando orava chegava a profetizar, ter revelações e visões. No monte onde ele costumava orar, numa determinada época, começou a aparecer os tão famosos gravetos luminosos. Eu tive lá, fui ver pessoalmente, sempre tive curiosidade em saber como era. E o negócio brilhava mesmo. Com pouco tempo aquilo passou a ser local de "romaria". Num determinado dia chegou a ter quase 100 pessoas lá, só para ver o chão iluminado. As pessoas se jogavam ao chão, era uma loucura.

Me lembro de um dia, duas irmãs um tanto quanto, digamos, gordinhas, resolveram ir até lá justamente num tempo em que estava sendo "derramado a unção do riso" (sic). Foi alguns dias depois que um tal pastor esteve na igreja pregando essa moda. E não é que as irmãs foram tomadas pelo tal riso de uma forma tão grande que não conseguiam se manter em pé. Resultado: tivemos que juntar em pelo menos 4 irmãos para carregar cada uma delas, morro abaixo.

Já acreditei sim na tal unção do riso, no "cair no espírito", no sapateado de fogo e em mais um monte de coisa. Mas a gente que busca ter um coração sincero diante de Deus, sempre procura na Palavra um respaldo para aquilo que faz, que acredita. Primeiro, como já comentei antes, fui notando que nada daquilo provocava mudança de vida, adoração ao Senhor e atitudes verdadeiramente cristãs. O alerta vermelhor acendeu! Fui buscando nas Escrituras evidências que atestassem essas manifestações e não encontrava nada. Me encontrava numa situação complicada, pois era obrigado a aceitar algo que não estava de acordo com a Palavra de Deus.

Larguei tudo! Hoje, pela misericórdia do Senhor, tenho adotado o costume bereano (Atos 17:10-11). Creio no poder e na soberania de Deus e que Ele pode operar da maneira que melhor lhe convier, mas creio também que Deus é decente e ordeiro. Hoje louvo a Deus pois tenho certeza que faço parte da Igreja de Cristo e também por ser membro de uma igreja onde é pregado o verdadeiro Evangelho, onde se valoriza a comunhão com Deus, a verdadeira adoração, onde o pastor tem compromisso com a verdade, onde o povo ora. Não acontece nada extravagante, os cultos não tem gritaria, não tem show, não tem mensagens vazias e chulas. Hoje dou graças a Deus pois Ele me ensinou e me ensina, seja no dia a dia ou seja com tudo o que passei. Hoje louvo a Deus pois se estou em pé porque é Ele quem me sustenta.

Que o Senhor tenha misericórdia de nossas vidas e nos ajude a mantermos fiéis até o Grande dia da volta do Senhor Jesus!

Um comentário:

  1. PARECE QUE ACABEI DE LER A MINHA HISTÓRIA...SÓ QUE NO MEU CASO AINDA NÃO ENCONTREI O CAMINHO CERTO!

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